segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Foi-se o Jornal do Brasil.
Ainda tem um Jornal do Brasil on Line, está certo. Mas o JB que a gente comprava na banca (quer dizer, a gente não, eu já não comprava há tempos, mas alguns amigos meus ainda sim) este se foi. Ficamos com uma cidade de 12 milhões de habitantes e 1 único jornal de opinião.
Quando cheguei ao Rio, eu tinha 18 para 19 anos e o Jornal do Brasil mandava na inteligência carioca. Não tinha pra ninguém. E isso durou até os anos 80, começo dos 90, por aí.
O Macksen Luiz era O crítico de teatro da cidade. Era o que hoje a Bárbara é. Não tanto, porque a Bárbara é Globo e nada nem ninguém nem coisa alguma, nesse ou noutro Universo, pode o que pode a Globo. Mas antigamente, ele e o jornal dele faziam e aconteciam.
Era ruim, ou pelo menos eu achava ruim a crítica de teatro do Macksen. Ou nem ruim, nem boa, mas incompreensível. Com 18, 19 anos, acostumado pelos bons professores de Além Paraíba a ler e escrever cré com lé, eu nunca entendi porque aquele sujeito que não conseguia construir um parágrafo ou pelo menos uma frase que fizesse sentido, pudesse ser considerado O crítico do teatro carioca. Hoje entendo um pouco o fenômeno.
Em parte, entendendo o teatro se entende como se dá trela aos críticos do teatro. E, em parte, também entendendo a imprensa, a força da imprensa, o poder da imprensa. Ele era O crítico, principalmente porque escrevia para O jornal. Como hoje a Bárbara, como eu amanhã, como qualquer um de nós que trabalhar para quem manda. A serviço de quem manda, mandamos também, fazemos e acontecemos também.
Eis que um dia o Macksen chegou e foi por um tempo Editor do Caderno B (o caderno de Cultura do Jornal do Brasil) e eis que, depois de depois, o jornal dele acabou.
Para controlar a imprensa, e os males que a imprensa descontrolada pode causar (qualquer poder ilimitado é mau) só mesmo a própria imprensa. Nós, os governos, a OAB, Deus, ninguém pode com a imprensa. O combalido Jornal do Brasil era, pelo menos, uma simbólica piece de resistence que agora afundou. Ficou o outro, singrando absoluto pelo meio do Rio. Que desastre fechar assim o Brasil, ainda que pequeno, frágil e doente. Agora, os que não gostarem da Globo, escrevem cartas pra quem?

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