terça-feira, 2 de agosto de 2011

Agosto

Queridos e queridas, uns comentários rápidos essa semana. Estou cheio de projetos aqui pra tocar. Dinheiro nenhum, mas o que importa? E, também, as coisas que eu digo aqui na verdade são variações em torno dos mesmos temas. Sempre dizendo a mesma coisa de modos diferentes. Mas é o tal negócio, de tanto falar e falar de novo e de novo e de novo, das duas uma: ou melhoro a minha redação, ou melhora o mundo.


Fechamos o mês de julho. A minha lista de peças (eu faço um acompanhamento de peças) tem um furo no mês de março, justamente o mês com maior número de estréias, não acompanhei como devia o mês de março. Vou tentar conseguir a relação das peças que estrearam e das que re-estrearam e das que saíram de cartaz em março desse ano. Tem algumas lacunas na minha lista. Seja como for, contei 200 peças até agora, do começo do ano até agora. Só valendo final de semana. Com outros furos, além do mês de março. Às vezes comprava o jornal de sexta, às vezes o jornal de domingo. Na maioria das vezes o jornal de domingo. E tem peça que não sai listada no jornal de domingo, mas sai no jornal de sexta. E vice-versa. Melhor assim, porque se o jornal listasse todas as peças ao mesmo tempo, não tinha lugar pra Amy.

Ah, sim, estou contando aí os infantis. Sem os infantis andamos na base de 60 peças por semana em cartaz. É razoável, suponho. Tem as de meio de semana também, essas não sei quantas somam. Ah, sim, também tem duas semanas do mês de abril que não estão na minha lista. Ou seja, minha lista é uma merda. Mas é a que temos. Ou a que eu conheço, porque talvez outros estejam fazendo esse levantamento. É razoável. Mais de 200 peças no primeiro semestre. Sabem quantas ficaram em cartaz os sete meses? Alguém arrisca? Eu digo aqui. Não é cem por cento certo, alguma delas pode não ter estado em cartaz em alguma semana que eu não cobri, nos meses de março e abril. Mas foram 5. Isso. Das mais de 200 peças adultas em cartaz no Rio de Janeiro no primeiro semestre de sete meses do ano de 2011, exatamente 5 ficaram em cartaz o tempo todo, sem tirar. Não se pode dizer que foi a minoria das peças. Minoria de 200 não é 5. 5 não é nem 5% de 200. 5 de 200 é o mesmo que nada. Mas não se preocupem. Até o final do ano esse nada tende a ficar mais nada. Pelo menos 1 dessas 5 peças saiu de cartaz no último 31 de julho. Bom, mas talvez ela volte. Sempre há esperança que volte.

As outras ficaram menos de 2 meses em média. É isso aí. Esse ano a média caiu para menos de 2 meses. Com toda a imprecisão dos meus dados, dado que sou impreciso mesmo, isso é fato: em 2011 as peças ficam menos de 8 semanas em cartaz. Em média. Também aumentou o fracionamento da semana. De modo que o número de peças pode ser bem maior do que as minhas 200. A semana de quinta a domingo ainda existe no Rio e bastante. Mas aumentam os sexta a domingo, os terça e quarta, e apareceram também muitos quinta e sexta e alguns só segunda. Sinal que as pessoas estão procurando um buraco na programação. Sinal que há buracos e mais buracos na programação. Tempo curioso. Muitos produzem para poucos verem e ninguém ficar em cartaz.

O mundaréu de peças é uma faca de dois gumes. Se fossem 200, 500, 1000 peças, mas estivessem sempre lá, um dia poderíamos assistir todas elas. Mas são poucas e fugidias. Ou você vai na estréia, ou na semana seguinte. Ou então não vai mais. A mídia não dá conta de divulgar e nem nós de anunciar. Os anúncios de jornal são impossíveis de fazer. Muito caros. Só tem um jornal na cidade, então ele cobra o que quer. E reclama que não anunciamos. Vai piorar, digo eu. Muito. O boca a boca tem que ser rápido, não pode demorar, porque não há tempo. E os artistas se dão por satisfeitos com 15 pessoas na platéia. Outro dia uma amiga me perturbou que eu tinha que ver a peça tal, que a peça tal era o máximo e a prova de que era o máximo é que estava lotando. Quantas pessoas, eu perguntei, por sessão? 50. Bom, cinqüenta é melhor do que 15, então deve ser boa mesmo.

Pra se destacar na multidão tem que ter os 7 milhões do Violinista no Telhado. Não temos. Não temos 70 mil. Não temos 7. Voltamos ao tempo do Livro de Ouro, recebi outro dia uma petição pra assinar o Livro de Ouro de uma peça de teatro. Bacana, eu pensei, coisa de aluno de escola de teatro. Não era. Ficha técnica profissional. Acho que estamos virando americanos nisso também. Nos Estados Unidos tem zilhões de Livros de Ouro produzindo peças profissionais. Alguém dirá que não é vantagem. Não com o dólar a 1 e 50.

Agora vem o FATE, da Prefeitura, com 14 milhões. Bom. 14 milhões são dois violistas e nenhum telhado. Mas é pra um monte de gatos pingados. A idéia é essa, democratizar o investimento. Boa idéia. Democracia de fudidos Municipais contra a ditadura de 3 ou 4 que pegam a maior parte do bolo Federal. É um cabo de guerra e advinha quem vai ganhar? Não serei eu, certamente. Tudo pra projeto de peça nova. Bacana. Por que as velhas ninguém viu mesmo, então vamos fazer outras, quem sabe?

O assunto é esse, é o de sempre. Mas hoje escrevi um pouco diferente de ontem e de anteontem. Ótimo, sinal de que estou melhorando como escritor.

Ou não?