sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Agora vem uma caça às bruxas. Bem a propósito na data de hoje. Atiram nos pobres dos atores que se manifestam a favor das manifestações. Nem tão pobres assim, reconheço. Alguns a gente não entende o que fazem lá, alguns a gente suspeita que querem outra coisa. Mas é direito deles participar. Ou não? E só por que o cara trabalha pra uma empresa, não quer dizer que ele comungue das opiniões dos donos da empresa. Ou dos pais e avós e amigos dos donos da empresa. É meio absurdo isso. É como chamar de nazista o empregado da Wolkwagen só porque trabalha lá. Já é tão complicada a profissão de ator neste país, agora o sujeito não pode ter opinião? Desconfiar das intenções de um e de outro per si, tudo bem. Mas botar no mesmo saco eu e o Tony Ramos, só por causa da profissão na carteira de trabalho, é injusto com nós dois. Eu então sou mais vendido que o Tony Ramos porque ele pelo menos só trabalha pra uma e eu trabalho pra qualquer uma. E o problema, se me permitem meter a colher, nem é com a Globo. A Globo faz a dela. Ah, eles sonegam impostos. Mas os clubes de futebol também sonegam e ninguém chama o Romário de vendido por causa disso. Ah, mas eles mandam no Brasil. Mas o que não mandaria a Record, o Sílvio, a Band, qualquer uma, se tivesse o monopólio de opinião que a Globo tem? Não seria melhor voltar então os nossos canhões enfurecidos contra o monopólio de opinião? Seja de quem for? É uma covardia bater nos atores, nos cantores, nos biógrafos para defender a democracia. Coragem boa seria bater nos generais, coronéis, capitães e asseclas da última ditadura que, estes sim, em grupos organizados, mataram, torturaram e vilipendiaram os direitos civis, as opiniões e as pessoas deste país.